Férias prolongadas, hein!?
Não pensem que fiquei todo esse tempo sem costurar, mas que eu estava bem devagar, ah, isso estava!
Às vezes a "terapia" de lidar com panos e linhas, por mais que te faça bem, torna-se cansativa e é preciso saber a hora de dar um tempo, guardar tudo na caixa de costura, buscar o equilíbrio, sentir saudade e, então, voltar a trabalhar com panos, fitas, cordões e prazer.
A pedidos, agora estou de volta ao blog. É bom sentir-se querida...
CAIXA DE COSTURA
Venho costurando minha
vida
com linhas de saudade.
Procuro equilibrar-lhes
a cor
para que o resultado
final não seja triste.
Por vezes, é o cinza que
insiste;
por vezes, impera o
marrom.
Ainda bem que tem
saudade bonita;
mudo o tom, amarro
fitas,
busco a outra ponta do
novelo;
intercalo a trama em
amarelo.
A saudade é assim mesmo,
tecelã do tempo.
Quando menos se espera,
arremata o momento, leva
embora,
deixa a porta encostada,
o cadarço de fora,
e nunca avisa a hora de
voltar.
Ainda hei de costurar
com verde florescente
e, se a saudade chegar
autoritariamente,
vai se sentir
enfraquecida.
Enquanto procuro a cor,
vou costurando a vida,
sem saber qual vai ser o
resultado.
Caso ele não fique
combinado,
dou um nó, encosto
agulha, guardo a linha,
que essa culpa roxa não
é minha.
É uma artimanha branca
do passado.
Flora Figueiredo